Editorial

Momento inimaginável

As cenas que se viram ao longo do dia de ontem em Pelotas são daquelas difíceis de serem imaginadas. Comunidades inteiras fazendo filas para deixar suas casas. Voluntários ajudando a subir ou carregar móveis. Muitos priorizando o que dá para levar e aceitando deixar outras coisas para trás. Mesmo com os reiterados pedidos da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) em sua transmissão que pontou as regiões da cidade com risco de alagamento, é muito difícil permanecer calmo durante uma situação assim.
A demora para a divulgação do mapa detalhado em nada ajudou. Sobraram algumas horas em que o pânico e as notícias falsas trabalharam. É preciso realinhar alguns pontos e pensar melhor em como agir também nisso. Mas, fora a crítica, é preciso o elogio. Mesmo se nada acontecer, agiu-se preventivamente. Salvar vidas deve ser a prioridade e, tendo a ciência apontado o cenário mais crítico possível, é preciso agir com base nisso.
Talvez este Editorial chegue velho para o leitor. É um cenário que muda a cada dia, a cada hora. Estamos, como toda a comunidade, sedentos por informação e é natural que queiramos saber. Muitas coisas, porém, fatores ambientais mudam a cada momento e pode ser que o vento nos ajude ou nos atrapalhe a qualquer instante. Por isso, é preciso ser paciente.
Se em algum momento olharmos para trás e acharmos que o cenário de hoje é exagerado, tudo bem. É melhor que a gente pense que agiu além da conta para prevenir do que chore vidas perdidas por não ter acreditado. Há bastante exemplo, no resto do Estado, de que essa água toda passa gerando caos. Não queremos isso por aqui. Gestores agiram, a comunidade, em sua maioria, tem comprado o discurso da prevenção e agora basta cobrar por informações céleres e atualizadas.
Viemos de uma sequência de catástrofes e já estamos escaldados do medo. É preciso, o quanto antes, pensarmos em como vamos lidar com o nosso mundo, com o meio ambiente e de maneira preventiva para evitar próximas catástrofes. Quase todas vêm sendo frutos da maneira como lidamos com a natureza, que avisa, avisa e a gente tende a esquecer. Essa situação vai marcar a história do Rio Grande do Sul. Talvez marque a história de Pelotas. Certamente, muitas vidas nunca mais serão as mesmas.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Francisco, comunicação e Inteligência Artificial

Próximo

Maranhão e Santa Catarina

Deixe seu comentário